Sabe-se que em Portugal a fonte de gás e petróleo é não convencional. As jazidas de hidrocarbonetos estão muito profundas podendo chegar aos 7.000 metros. Em Portugal já se perfurou até aos 3, 240 metros na concessão de Alcobaça/Aljubarrota. Em Alcobaça a concessão de gás, é no pré sal. No Barreiro também foi identificado o petróleo/gás pré sal, entre outros.
O gás/petróleo em questão encontra-se em reservatórios chamados Rochas Mãe. Por isso o petróleo de que tanto se fala é na verdade gás de xisto ( shale gas). A técnica para extrair tem o nome de Fractura Hidráulicaa (fracking).
A Formação de Brenha ( Bombarral, Cadaval, Alenquer) é o ponto G do gás de xisto.
Segundo a lei do artigo 3º da portaria ANP nº 90, as áreas pré sal receberão nome ligados á fauna marinha, quando receberem o status de “campo de produção”. ( Brasil)
A área on shore promissora para as corporações está na chamada Bacia Lusitânia, entre Setúbal e Coimbra.
Onshore – Bacia Lusitânica: Área “Barreiro”.
No Barreiro foi assinalado zonas pré sal, petróleo leve (Shallow oil), e gás natural não convencional. Mesmo sem saber especificamente que tipo de técnica será utilizada no Barreiro uma coisa é certa toda a perfuração não convencional vem aumentar os problemas criados pela industria petrolífera e seus subprodutos. Especialistas calculam que em certas técnicas pode aumentar até 3 vezes mais a poluição.
A área de concessão é de 855 km2. A concessão é válida por 8 anos, vai ser tempo de interpretação geológica, airborne gravity, dados sísmicos, etc.
Segundo a Oracle Energy corp. , Espera-se que existam 2 ou 3 areas potenciais na concessão; Triassic pré sal; Liassic ( Lower Jurassic) fonte não convencional. A corporação espera também que se encontre uma formação Jurrasic reef play. Não foi feita uma analise económica porque se está no inicio, para isso será necessário construir grandes infraestruturas para desenvolver totalmente estas fontes consideráveis.
Segundo a mesma corporação Portugal oferece excelentes termos fiscais, gasodutos com capacidade de apoio, governo estável, e provas da existência de dados petrolíferos.
A Oracle informa que já foram perfurados 150 poços de exploração, 80% tinham presença petróleo e gás; em 27% foi recuperado petróleo e gás, grande parte são Shallow; metade dos poços ficam numa pequena área.
O contrato de concessão On shore/offshore foi assinado, em 2013/02/01, com a empresa Oracle Energy Co. A Oracle trabalha de perto com a Mohave Oil. A Mohave tem 7 concessões com uma area de 1,86 milhões de groos acres. A Oracle têm 12 blocos totalizando 211,275 acres.
O Compromisso laboral da empresa para o Barreiro: 2013 estudos, 2014 Aerial geophysics, 2015, 2D Sismics.
Segundo o mapa da empresa existem “poços chave” no Barreiro, na zona de Pinhal Novo, na área de Palhais ( norte da Nacional da Machada). No outro lado do braço de água, na área a sul de Paio Pires. E um (1) em Lisboa.
Pelo mapa podemos ver as áreas de estudos sísmicos que estão a ser realizados na zona da Costa da Caparica, Aldeia do Meco, Sesimbra, Azeitão, Picheleiros, e de Pinhal Novo para Este. Na área da Baixa da Banheira atravessando o braço de água até à área de Samouco indo para este até…
No mar, a norte ao longo da Costa da Caparica e Lisboa existe a área off shore na Bacia de Peniche: áreas Mexilhão e Ostra . Estas concessões estão entregues à Petrobras, Galp e Partex Oil and Gas.
A sul de Setubal existe a área off shore na Bacia do Alentejo: áreas: Lavagante, (sendo a mais próxima) Santola, Gamba ( que vão até ao Algarve). Contratos de concessão de 2007 com consórcio Hardman/ Galp/ Partex. Desde 2010 as concessões passaram para Petrobrás/ Galp. As areas offshore são consideradas a mais promissoras.
Na exploração off shore não convencional, caso de Portugal, a técnica para extração têm o nome de deep drilling.
Devido ao tipo de gás/petróleo que as corporações dizem existir em Portugal, temos de esperar o pior para as futuras gerações. Seguindo o exemplo do que se passa nos EUA, Canadá, noutros países da Europa, etc as corporações vão negar que este “novo petroleo” é sujo. Apresentarão tecnologias novas, novos dados, cientistas, médicos, policias, trabalhadores, cidadãos, homens de Deus que dirão que as empresas petrolíferas são um dos pilares mais importantes da sociedade actual.
A dependência dos povos em relação aos cuidados do Estado, mantêm as corporações senhoras das decisões sobre a sociedade em geral. Decidem sobre o modo de vida ( o que comer, vestir, que matérias primas utilizar, que tipo de energias necessitamos, como fazer comida, como utilizar a água, o que estudar, o que construir, o que acreditar) é passado através de propaganda, inserido através da necessidade, tudo comprado com sangue, suor e submissão.
Para as corporações petrolíferas este novo desafio das fontes de energia “ não convencionais” é só mais um investimento, um passo. Para os povos que são afetados pelas explorações são doenças, roubo de terras, cultura , vida. Os Impérios gladiam-se, na grande arena que é o mundo, fazendo dos povos os seus gladiadores. Povos e indivíduos que se confrontam e agridem, fazem-no por dinheiro contra os pobres, fazem-no por trabalho contra quem vive no mato, fazem-no por poder contra quem não o têm ou quer.
Nós no Ocidente ( brancos) sempre nos habituámos a viver para pagar o conforto de viver na civilização. O que sempre quisemos ignorar é que alguém estava a pagar mais, muito mais que nós. Ignorámos as Cruzadas, a escravatura, a Monarquia, as Repúblicas, o Fascismo, para viver no “nosso conforto”. E mesmo em Democracia continuamos a ignorar que alguém está a pagar bem mais caro o “nosso conforto” e “ direitos do mundo civilizado”.
Durante décadas a industria das energias ( escravos, carvão, petróleo, nuclear) aproveitou-se da distância entre povos, da falta de informação, da falta de intervenção dos populares que “beneficiam” dos “recursos naturais” e da falta de voz dos povos que são afectados directamente pela extracção dessas fontes, sejam fontes gasosas , mineral, vegetal ou animal. Agora sem parar de continuar a explorar as corporações, iniciaram o assalto ás terras, liberdades e culturas dos seus próprios concidadãos.
Agora a fonte de energia poderá ser extraída em locais onde será um concidadão, um familiar, um conhecido/a sofrer as consequências. Num lugar onde fomos felizes, onde crescemos, onde vivemos. Locais onde vivem animais que conhecemos, locais protegidos que poderão ser destruídos, locais donde vêm a nossa água, onde ainda podemos plantar, ir passar os nossos dias. Acompanharemos amigos e familiares na doença, na luta judicial, na prisão, etc. Vamos chorar pelos que resistem , pelos que lutam feridos, pelos mortos que aumentarão ligados directamente á prospecção de petróleo no Mundo e em Portugal.
A margem sul foi um marco da resistência dos explorados e perseguidos na altura da resistência ao fascismo. Hoje essa alma de resistentes continua presente . A população da margem sul, junto com os outros povos que habitam principalmente na costa portuguesa de norte a sul, e com o apoio dos povos do interior deve e pode resistir à implementação do negócio petrolífero no mar e terra no Sul, a Norte, a Oeste e a Este.
Em terra as explorações vão de Setúbal a Coimbra. EM Off shore toda a costa será explorada e plataformas petrolíferas surgirão como borbulhas de acne.
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