Petroleo, trabalho e politica nacional. Natureza de fora!!!

Texto retirado do livro: Economia EC, questões eeconómicas e sociais, nr 38, 1982, diretor Carlos Carvalhas.

O SECTOR DA PETROQUÍMICA DE OLEFINAS. ( Francisco Espinheira; Engenheiro na CNP)

A implementação entre nós, de uma indústria Petroquímica de olefinas, é um dos mais importantes projetos industriais no país. Os seus efeitos principais dão-se a jusante, na cadeia produtiva, que fornece fundamentalmente os sectores de transformação de matérias plásticas, de borrachas e de fibras químicas.

Este projeto é toda a plataforma industrial de Sines, requer recursos financeiros, tecnologia moderna e formação profissional. A ideia desta industria responde às necessidades de expansão do capital monopolista nacional, através de articulação com capital estrangeiro. Depois do 25 de Abril, com grandes indefinições iniciou-se o Complexo Petroquímico de Olefinas submetido pela CNP, SARL ao governo e autorizado por este, através do Decreto de lei nº 108/75, de 6 de Março. Em 1976, a CNP passa para empresa publica.

Ao mesmo tempo o cenário económico entra em crise económica, desde os anos 60 aos nossos dias. Particularmente a petroquímica acusa os efeitos da elevação do preço do petróleo, e, perante o abaixamento do nível das taxas de lucro, que surgem nos países da CEE.

O projeto de Sines inclui:

Uma fábrica de etileno ( utilizado no amadurecimento da fruta) e prolineto (Steam-cracker) ( projeto forteficado pela shale gas), como unidade principal, e 4 linhas de produção: poliolefínica, clorada ( desinfecção das águas), acrílica e estirénica

Em 1981 o investimento era de 14 milhões de contos. A linha clorada para produção de VCM e PVC leva à montagem da fábrica de Cloro/Soda Cáustica (ajuda para combater a poluição) a partir das minas de gema do Algarve.

O governo AD pretende dar a linha PVC a capital privado, com uma pequena cota para a CNP. O projeto Cloro/Soda Caustica pensa o governo entregar completamente à industria privada.

As principais condicionantes para o atraso são muito devido às aplicações das medidas preconizadas pelo FMI


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A situação levou à busca de capital através de entidades financeiras estrangeiras:

Tendo em conta os objetivos que este projeto pode atingir, designadamente:

A correção da situação de crescente desequilíbrio da balança de pagamentos – por um lado evitando o recurso a importações de produtos no futuro de forma total, tornando possível a exportação de alguns produtos; a preços de 81 o projeto total deverá apresentar em 1993 um saldo positivo de quase 180 milhões

Robustecimento da malha industrial – Interligação vertical dos sectores desde a refinação dos petróleos até ás industrias de plástico, borrachas e fibras químicas, garantido melhores condições na concorrência internacional

Melhoria do nível e situação de emprego – pela criação de postos de trabalho e , sobretudo indiretamente, assegurando a manutenção e dinamização de empregos nas industrias a jusante.

Dinamização tecnológica – modernizar todos os sectores que com este têm contacto, quer pelo desenvolvimento tecnológico da industria em geral, quer pelo recurso tecnológico que apresenta implicando, assim, os resultados, melhores resultados, melhor qualidade dos produtos e melhor satisfação do consumo final.

No quadro de uma política global de reconstituição do capitalismo monopolista, a AD através de legislação e administração ataca o sector nacionalizado da petroquímica nacional.

Ao tentar entregar à iniciativa privada as áreas mais rentáveis, a AD põe em causa todo o projeto como um tudo.

Num quadro de desenvolvimento económico e social do país, este projeto deve ser completado, procurando-se as condições que garantam a sua otimização.


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Várias razões fundamentam esta posição:

A grande importância que este projeto apresenta para a industrialização do país.

O facto de já estar concretizado o investimento de 42 milhões.

O emprego que neste momento já assegura quer diretamente, quer indiretamente.

A possibilidade de ser o Estado, em larga medida, a orientar desde as condições , formas e montantes do investimento até a canalização das produções para o mercado.

3º Que perspetivas e medidas encarar para o desenvolvimento do projeto petroquímico?

O processo de decisões deve ocorrer de forma democrática de modo a garantir uma participação ampla que se traduza em objetividade, coordenação e coerência para este projeto.

As negociações com entidades externas deverão merecer especial atenção, estudo e atuação dos que mais diretamente intervenham no processo por forma a que os interessados nacionais em geral e a independência nacional permaneçam, no fundamental, salvaguardados.

As transformações políticas, económicas e sociais operadas na sociedade portuguesa e a identificação dos interesses da maioria dos portugueses permite a expetativa de que existem condições criadas a vários níveis, que possibilitam, no quadro de uma política democrática, afirmar a grande importância deste projeto para Portugal de Abril.

FIM

Os dias de hoje em Portugal são uma cópia dos anos 80, temos uma coligação de direita liberal cristã, encontramo-nos sobre leis do FMI, o apoio politico nacional e europeu às corporações de petroleo estão protegidas como nos anos 80, e  as “necessidades sociais e politicas” são iguais. O investimento do governo nas instalações saiu caro aos povos e depois  foram privatizadas, estando hoje ao serviço da nova aposta petroquímica privada nacional e internacional na exploração de petroleo e gás natural em Portugal. As lutas, soluções, lobbing e as politicas dos partidos de hoje são iguais ás dos anos 80. A direita alimenta-se da crise e abre portas a multinacioanais mundiais e aluga acres de chão e mar para lucro corporativo. A esquerda, utilizando o trabalho não ataca a exploração mas sim o fim dos lucros.

Hoje pouco se fala sobre os negócios petroliferos na assembleia ou debates políticos.

Estes texto podia estar hoje num qualquer jornal nacional. Não te faz pensar?

Pouco se sabe sobre a investigação e exploração de shale gas em Portugal. E também pouco se conhece de campanhas dos grupos ambientalistas nacionais, porque no resto da Europa e do Mundo, muitos têm campanhas á varios anos. Não te faz pensar?

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