Não vejo, Não oiço, Não falo…

Mais um artigo num jornal local sobre petróleo e gás de xisto na Zona Oeste de Portugal.

GNN: Somos dos que acreditam nas pessoas, no individuo. Defendemos que o melhor passo para ajudar a sociedade humana e o mundo em redor é pôr o Eu acima da profissão, da classe, da hierarquia, e olhar para as outras vidas como sendo também filhos/as, pais, irmãos/as, amigos/as.

Quando um profissional actua sempre como um, suprimindo a sua pessoa, o/a politico/a que aprova as leis sem pensar em todos por igual, um/a policia que abusa da autoridade e ataca quem devia proteger, um/a assistente social que fecha os olhos à “humanidade”, e olha com fobia, abandonando alguém à sua sorte, um/a activista que faz acordos aceitando “menos destruição”, quando não o é “no seu quintal”, um/a jornalista que escolhe o habitual/sensacional em prol da verdade de todos os factos  de interesse para o bem-estar de, um irmão, um filho, uma mãe, uma amiga, temos de perguntar: Qual o papel do jornalismo? Fazer propaganda ou dar a conhecer todos os factos?

Um jornal local, como uma junta de freguesia devia servir os interesses da população local, zelar pelo interesse popular e publicar notícias que os mantivessem a par de todos os factos que os afectam. Mas o que vemos é a total rendição e adaptação ao modos operandis dos jornais locais aos média nacionais na corrente dos interesses financeiros locais e mundiais, atrelados à economia nacional. O Jornal em questão é propriedade da associação de comerciantes e industria local.

Ficamos a saber que Vila Verde dos Francos, foi uma das zonas estudadas para gás natural e petróleo leve. Alenquer e Torres Vedras, como outros locais vários em Portugal, têm potencialidades petrolíferas que foram “abandonados”.

O jornal optou pelo mesmo tipo de informação de outros jornais locais, e nacionais. Tentaremos mostrar exemplos disso. Perguntamos: Os jornais funcionam numa rede que já estipula que tipo de notícias dão? O jornalismo é a voz do progresso? É markting?

A verdade não é notícia? Ou os jornalistas são empregados das corporações, fieis aos seus partidos políticos, e interesses?

Sabemos que o jornalista têm a liberdade de escolher o que publicar. O que deixa dúvidas é: Deve um jornalista tomar partido? Uma coisa é defender uma ideia, apresentando todos os factos, outra coisa é apresentar um lado do assunto, esconder o outro, e dizer: “Não somos obrigados a colocar todo o que sabemos, damos a notícia e a pessoas decide por si.”

Já diz o ditado popular: ” Tanto é bandido o que rouba como o que fica a olhar”.

Para Saber: Não desejamos culpar este jornal ou a jornalista em questão. Este artigo é uma reacção ao Jornalismo em geral… Mas queremos que eles e os jornalistas que no futuro terão ou quererão  pensar nisso, tenham o outro lado da história, e a questão em mente: Sou jornalista, relações públicas ou ando ventricular ?

Exemplos do artigo sobre a exploração de petróleo em Alenquer do jornal ValorLocal (pág 11), e partes de artigos de outros jornais locais e nacionais.

Em relação ao abandono dos poços:

Gazeta das Caldas; Afinal, o gás encontrado na zona da Quinta do Telheiro, a cerca de 700 metros do Mosteiro de Alcobaça, não tem viabilidade comercial e dentro de dias deverá ser desmontada a plataforma que desde Agosto perfurava o solo.”

Diário de Leiria; “Os trabalhos de perfuração atingiram os 3.240 metros de profundidade, encontrando gás enclausurado abaixo da camada de sal, mas as areias reservatório são insuficientes para um sucesso comercial.

ValorLocal; De facto havia alguma coisa, não sei se gás, se petróleo, mas o que quer que fosse estava a grande profundidade e se calhar em pouca quantidade, o que não justificava o investimento”.

Animação dos comerciantes:

Valor Local; “ Lina Maria era a vizinha mais próxima do local onde se processavam os trabalhos. Proprietária de um café lembra-se da grande agitação que a pequena povoação de Casais da Fonte da Pipa conheceu. Na altura teve de expandir o negócio e adaptar a sua casa a restaurante e a albergue de funcionários da Mohave.

RadioCister; “tendo em conta a presença de 50 trabalhadores, que irão dormir e comer em Alcobaça, assim como a contratação de serviços indiretos a empresas da região”

Misto de Sentimentos:

Gazeta das Caldas; “O autarca recebeu a notícia com um misto de sentimentos. Por um lado, havia a esperança de que o subsolo da cidade fosse uma ‘galinha dos ovos de ouro’. Por outro, “também é um descanso”, dada a localização do poço em pleno perímetro urbano e o impacto dos trabalhos na vida dos alcobacenses

Valor Local; “ O presidente da junta de freguesia de Vila Verde dos Francos, Mário Rui Isidoro, recorda com nostalgia os dias frenéticos que freguesia viveu…” (…)  “Na altura, foi bom para o meu estabelecimento, claro que lucrei com isso, mas também tínhamos alguns receios porque se ouvia dizer que se encontrassem petróleo ou gás poderiam abarbatar os terrenos aqui à volta”

Ajudas às autarquias:

Rmnoticias; “considerou o autarca, recordando que a empresa “contribuía também para o desenvolvimento da freguesia” onde comparticipou a aquisição de edifícios e adquiriu um terreno que ofereceu à junta

ValorLocal; “ a empresa arranjou os caminhos vicinais circundantes, bem como o principal acesso à serra” (…) Depois da Mohave abandonar a serra, estiveram de novo no local, onde se procedeu à recolha de resíduos, para arranjo de caminhos, doados à junta e a agricultores.”

ValorLocal;  “ A Mohave fez um furo bastante fundo, ficaram de avisar se houvesse alguma coisa e que a câmara ainda ia beneficiar com isso, apesar de não saberem quais os benefícios, mas que haveriam de beneficiar o concelho de alguma maneira”,

Oeste Global: “O presidente da câmara de Alcobaça desvalorizou hoje o anúncio da saída da empresa norte-americana Mohave Oil do país e do concelho onde efectuou prospecções, sublinhando que, existindo recursos, outras empresas poderão interessar-se pela sua exploração

Depois vêm a parte dedicada aos movimentos contra a exploração. Para a qual fomos contactados para uma entrevista para este artigo do jornal ValorLocal.

E por essa razão decidimos reagir. Quando nos contactaram foi para uma entrevista sobre os problemas na saúde publica e a  exploração gás e petróleo em Portugal

Primeiro dá a entender que as únicas acções contra os trabalhos são na internet. Que o grupo facebook Parem as Tar sands/Não ao Fracking é um movimento ou faz parte de uma plataforma. Depois faz do Movimento anti Gas de Xisto Barreiro o grupo mais activo desta plataforma. O artigo trás algumas citações da entrevista, mas são os clichés do costume, para o qual já as corporações têm as desculpas preparadas.

A crítica ao artigo não é porque não reproduziram a entrevista na integra, ou quiseram fazer dos grupos contra o gás de xisto uma plataforma, depois de nas respostas à entrevista ter sido dito explicitamente que não existia uma plataforma formal, que existia uma troca de informação, mas sem compromissos. Mas foi sim, pela opção jornalística de repetir o diálogo do “Business as allways”, depois da jornalista, e da redacção conhecerem todos os factos do verdadeiro impacto nocivo da exploração de petróleo e gás natural, escolheu fazer “playback” do lobbing petrolífero e defender a ideia de progresso dos comerciantes locais, através da voz e necessidade dos mais pobres.

Ficámos a saber que Joe Berardo, já nada têm a ver com o negócio, e que a Mohave Oil and Gas, deixou de ter escritórios no país, e que vai entregar as concessões que detêm.

Fica outra pergunta: Se são economicamente  não viáveis, a quem vai passar a Mohave as concessões?

No artigo o autarca de Alcobaça admite nunca ter ouvido dos perigos dos trabalhos para o ambiente, tal como o autarca do Barreiro, numa intervenção do grupo anti gás de xisto do Barreiro, na Assembleia Municipal em 2014.

A Mohave nuca teve a intenção de ficar a explorar os poços, esse trabalho é para outras corporações, o seu principal objectivo está alcançado. Os políticos portugueses já entraram no jogo, grandes petrolíferas como a Petrobras, Partex e Repsol já estão a trabalhar. A quantidade de empresas internacionais que andaram a esburacar, contaminar e a explorar deu dinheiro a todos, e o dinheiro que rodou entre todos não foi pouco. O bichinho na cabeça da população local está a ser chocado e a desenvolver-se, e a indiferença à verdade alimenta todo este trabalho e lobbing tentando criar o momento Fait Acompli (  Uma coisa que já aconteceu ou já foi decidida antes daqueles afectados oiçam falar sobre, deixando-os sem opção se não aceitar e  que dificilmente se poderá desfazer.), desejados pelos investidores e beneficiados.

Em baixo as perguntas do Jornal e  as minhas respostas:

  1. Quais os perigos para a saúde pública no que respeita À exploração de gás natural e petróleo leve?

Todos nós ouvimos falar das alterações climáticas e das suas consequências no ambiente em redor. Essas alterações são produzidas devido à libertação de gazes efeito de estufa como o Carbono (CO2), Gases voláteis e Metano. A extração de gás de xisto (Fracking) vêm libertar de 3 a 5 vezes mais gazes dos que libertados pela extração “convencional” de gás natural e petróleo, estando quase ao nível do maior responsável pela destruição da camada de Ozono, a Agropecuária. Para o CO2, as corporações já criaram um mercado, criando a ilusão que estão a resolver o problema da fuga de CO2 para atmosfera. Nos EUA, onde a extração de gás de xisto teve inicio à quase uma década existem registos de cancros terminais, dores crónicas (musculares e de cabeça), derrames de sangue pelo nariz, doenças pulmonares, debilitação do sistema nervoso, irritações cutâneas, etc.

Depois outro grande problema ao nível da saúde pública é a inevitável, e assumida pela indústria petrolífera, contaminação das águas de serviço público e privado. Nos locais onde se realizam extração de gás de xisto as águas ficam tão contaminadas com líquidos utilizados nas perfurações e com gazes que imigram do poço de extração, através de fugas, que os animais morrem, e a água fica imprópria para consumo humano. A contaminação por Metano é tanta que as águas dos poços privados e rios que passam nas terras pegam fogo, literalmente.

Outro assunto não menos importante é a contaminação dos alimentos. Agricultores e criadores de gado, apresentam provas de morte das suas colheitas e animais devido às águas contaminadas pelas corporações de extracção de gás de xisto. Quando contaminado o lençol de água, toda a agricultura será afectada, desde a comum, à biológica, que com valores de contaminação elevados dificilmente poderá passar por biológico. Os animais morrem, porque as águas impróprias para consumo para o ser humano, são na maior parte das vezes aceites para dar de beber aos animais, que são 99% criados para alimentação. Não dá que pensar?

Podemos considerar as consequências sociais um problema de saúde pública, pois o stress, os esgotamentos nervosos e as psicoses estão a aumentar nas localidades onde a extracção do novo petróleo e gás se realizam, o alcoolismo e toxicodependência também aumentaram, ou apareceram pela primeira vez depois da instalação de poços e extracção de gás ou petróleo, como pode testemunhar o grupo: IDLE NO MORE. Pessoas ficam sem capacidade para trabalhar, e algumas vezes, de socializar, porque uma industria lhes destruiu a sua casa, a sua natureza, o seu modo de vida, a industria não têm solução para os problemas que produz, nem é obrigada a ter.

  1. Que conhecimentos tem quanto ao que tem sido feito neste âmbito pelas companhias como a Mohave na zona Oeste de Portugal nomeadamente Alenquer e Torres Vedras

Os planos para Portugal são instruídos pela Troika e pela CEE, ao nível petrolífero as leis são Norte Americanas, portanto as corporações como a Mohave Oil seguem o modos operandis das “corporações mães”, das diretivas europeias e “sugestões” de grupos petrolíferos. Na Mohave estão elementos com 20 e mais anos de experiência, alguma parte esteve no inicio da extração das Tar Sands (areias betuminosas) no Canadá, trabalharam nos Países Árabes e África deste tempos colonialistas, basta olhar para as condições dos povos dessas localidades para nos apercebermos que as corporações nada fazem pela saúde publica, mas trabalham afincadamente nas relações públicas para menorizar o seu impacto social, através do Lobbing, dádivas sociais, manipulação de imagem, etc… Como referi acima, uma das soluções apresentadas pela industria petrolífera mundial foi a Cap and Trade (negócio de carbono), uma solução já provada errada, e que só vêm criar mais um mercado, onde a poluição vai continuar. Temos o recente grupo, A OesteSustentável – Agência Regional de Energia e Ambiente do Oeste em parceria com a OesteCIM – Comunidade Intermunicipal do Oeste, prefeito exemplo do que nos espera.

Não são obrigatórios estudos de impacto ambiental, portanto, sem investigação, não existem dados, sem dados não pode haver uma avaliação, sem avaliação não se pode abrir um processo de averiguação, começa logo por ai, nos EUA as corporações foram obrigadas por lei a revelar dados dos seus trabalhos, e mesmo assim, esse conhecimento é retirado a ferros, e vem aos poucos. O primeiro passo que deveria ser dado, é por lei internacional não obrigatório: estudos de impacto ambiental. Todos os estudos de impactos no ambiente e na saúde pública foram realizados pelas partes interessas, as vitimas da extração de gás de xisto e de outras fontes não convencionais de matéria prima fóssil.

Pouco se sabe sobre os trabalhos de prospecção de gás e petróleo em Portugal, sobre as pretensões, ideias, compromissos, obrigações, e direitos muito menos, tanto das corporações, como das autarquias como da população. O trabalho de prospecção de gás natural e petróleo leve em Portugal não sendo segredo, também não é revelado ás massas, e nas localidades nada se sabe. Os impactos na saúde pública da industria fóssil neste momento está na mesma posição do que o Tabaco, por exemplo, todos sabemos que é nocivo, mas “ninguém consegue provar”, e assim vai andando o comércio livre, deixando consequências e saindo impune.

No caso de Alenquer e de Torres Vedras os problemas são os mesmos. O caso da contaminação do lençol de água que abastece os dois concelhos é aceite pela industria petrolífera, que não é o caso SE vai acontecer, é QUANDO VAI acontecer. A população destes conselhos, juntamente com a do Cadaval e Alcobaça e outras no Oeste vão passar pelas imensas dificuldades que passam os cidadãos que habitam perto de locais de extracção de gás de xisto e petróleo não convencional espalhados pelo mundo, doenças graves, dolorosas, incapacitadoras e terminais. Basta rever a história da industria de extração, e perguntar aos grupos Anti-Fracking existentes em todos os locais de extração das energias não convencionais, como as pretendidas em Portugal, para se saber o que escondem as corporações. A luta de Calvin Tillman que foi presidente das Câmara de uma pequena cidade chamada DISH, nos EUA, é o melhor exemplo do que se vai passar em toda a Zona Oeste e outras localidades de Portugal se a extração de gás de xisto for aceite pela população.

3, A sua acção para além do blogue gasnaturalnao.wordpress.com tem sido feita? De que outras formas tem sido feita pressão sobre os agentes? E acções de sensibilização junto da população?

O blog foi criado depois de ter estado 2 anos num grupo internacional contra as Tar Sands do Canadá, onde conheci vários métodos, várias acções,  e foi do contacto com várias culturas, vários indivíduos “que tirei ideias”. Sei de todas as formas de repressão utilizadas sobre os activistas que estão contra a industria petrolífera. Li sobre o outro da lado da história das petrolíferas. Fora do blog, as acções são para informar, primeiro porque sem conhecimento as pessoas não se apercebem da necessidade de resistir à implementação da extração petrolífera em Portugal e seu novo desenvolvimento no mundo, segundo para que a pressão sobre os agentes económicos, políticos e científicos envolvidos se intensifique. A pressão sobre os agentes não é fácil porque ou são desconhecidos, (ainda hoje se descobrem novas corporações e  formam-se novas empresas). Ou porque as grandes multinacionais envolvidas nunca encontraram nenhum tipo de resistência aos seus trabalhos, as populações não fazem perguntas, os autarcas não fazem a mínima do que se passa, e as autoridades politicas só este ano começam a divulgar alguma informação, como o espaço marítimo para recursos naturais, o reinicio dos testes sísmicos no Barreiro, os trabalhos em Alcobaça, ou a instalação da plataforma petrolífera nos mares do Algarve.  Com a promessa de postos de trabalho, de ganhos financeiros para a economia nacional, e roalitys para as autarquias, o lobbing corporativo cria uma barreira  politico-social entre os activistas e a população local, o que divide a população e dificulta a criação de grupos homogéneos e de apoio que possam realmente atingir um numero que possa interferir no ritmo dos trabalhos de prospecção petrolífera, como o que aconteceu no oeste, quando da intenção da instalação de uma central nuclear em Ferrel há mais de 35 anos, que levou à não instalação da central nuclear, nem em Ferrel , nem em Portugal.

Junto da população, este ano têm sido dados alguns passos. Participamos num encontro popular de sensibilização no Barreiro, organizado pelo Jornal MAPA, que  levou à criação do grupo Movimentoantigasdexistobarreiro. Estive numa acção de esclarecimento no Centro de Cultura Libertária, em Cacilhas. Nas Caldas da Rainha, onde foram  realizados estudos para a instalação de cavernas salicinas para reservar gás ou líquidos tóxicos,  participei num evento artístico/informação, onde apresentei um video sobre a extração de gás de xisto em português, acompanhado de uma performance, chamada Frack M’isto ( uma alusão ao magalho de Zé Povinho),  houve uma pequena palestra realizada por uma voluntária do grupo Grupo de Portugal para análise crítica ao Acordo UE-EUA (TTIP) que falou do acordo e das suas consequências ao nível de protecção ambiental, diminuição dos padrões de protecção ambiental, autorização da exploração de gás de xisto (fracking) , venda de produtos com químicos não testados em laboratórios europeus, desregulação dos níveis de emissões no sector da aviação. Tudo relacionado com a industria de petróleo e seus sub-produtos. Também ouve recentemente uma secção na BOESG, em Lisboa, sobre o Fracking em França.

Depois de umas conversas juntei-me a pessoas que tiveram a ideia de criar uma zine sobre  o gás de xisto, para divulgação dos locais de extração, consequências, envolvidos, infraestruturas, e contactos, ainda está em desenvolvimento. Notar que todo este trabalho não é realizado por profissionais, são trabalhadores, estudantes, desempregados, somos autodidactas no que diz respeito à industria petrolífera, temos em comum o respeito pelo futuro e pela natureza onde estamos inseridos como membros, muitos de nós nunca tinham feito activismo. Até hoje nos 2 anos em que iniciei o blog já participaram pessoas com informação, desenhos para cartazes, flyers, vídeos, divulgação, em secções de esclarecimento e informação, que variam entre os 19 e os 60 anos, não somos um grupo organizado, apenas nos apoiamos, partilhamos informação e falamos sobre possíveis acções, mas a distância física e muitas vezes ideológicas, a falta de acesso à imprensa nacional e dificuldades financeiras prejudicam a pressão necessária sobre as corporações e investidores, como Fundação Gulbenkian ou Jo Berardo ( que entretanto sabemos que está fora), REN, EDP, GALP, CUF, universidades, etc. Já recebi convites para sensibilização em pequenos encontros. Também participámos na investigação para artigos de jornais na internet e…. Sempre que posso falo com alguém que sei ser das localidades onde as coisas estão mais avançadas. O que pretendo é a passagem de informação,  que se discuta o assunto nos cafés, com os amigos, no trabalho, nas escolas, nas assembleias municipais, nas juntas de freguesia, na praia, na consciência. Depois cada um deve saber como pode participar ou criar o seu próprio modo de actuar. Neste momento não existe uma plataforma formal, mas colaboração, essa sim, mais como um WEbmovement, é a ligação que existe entre os pequenos grupos que é actual e regular.

Uma parte importante para criar pressão social e politica sobre as corporações é levar as ONG ambientalistas e dos direitos humanos a levantar a questão com os responsáveis pelas aprovações dos trabalhos, pelo acompanhar dos estudos de prospeção, e pelos estudos universitários relacionados com a geologia petrolífera na costa e continente português, e comportamento dos meios naturais afectados pelos trabalhos petrolíferos realizando campanhas que cheguem à grande parte das casas da população. Isso está fora das possibilidades da nossa actuação.

4-Pelo que percebo a sua acção e de outros congéneres seu tem sido feita um pouco na sombra, porquê este mode de actuação?

A modo de actuação deve-se muito ao secretismo das petrolíferas, que não permite informação mais localizada, além dos comportamentos criminosos de algumas corporações como a Oracle Energy, acusada de corrupção, que opera no Barreiro, ou da Petrobrás que opera no offshore português, acusada de corrupção nos negócios pré- sal, pelo ex-director da Petrobras Paulo Roberto Costa, detido na prisão do Comissariado da Polícia Federal em Curitiba (no estado do Paraná, no sul do Brasil), em troca de uma redução de pena. Para as corporações, e políticos já saímos da sombra, já sabem que existem indivíduos e grupos que se preparam para resistir a esta politica energética. Já enviei mail’s  à câmara de Alcobaça, depois de ler uma entrevista com o presidente da câmara, que acaba com ele a pedir mais esclarecimentos, para qual me ofereci, não obtive resposta. O grupo do Barreiro também já se deslocou a uma assembleia municipal e “falou” com o presidente da câmara. No Algarve o grupo asmaa-algarve. já teve encontros com António Costa Silva, presidente a Partex Oil and Gas (Fundação Gulbenkian). Na sombra… só porque os trabalhos estão a ser realizados na sombra, fora alguns artigos espalhados por blogs, não existe uma recolha de dados a nível nacional sobre as empresas, e consequências dos seus trabalhos.

Outra grande causa é a dificuldade de levar as pessoas a compreender que as dificuldades económicas que passamos não são nada em relação aos problemas das gerações futuras se no mundo não houver uma união popular contra a continuidade das energias fósseis. A divida que vamos ficar para com eles (gerações futuras) nada se compara à divida para com a Troika.

  1. Para além de si, a sua plataforma integra quantos mais activistas desta causa?

Como expliquei acima, não estamos organizados, grande parte dos artigos do blog são da minha responsabilidade, já fomos 2, já fomos 50, depende. Toda a acção é uma ação da “plataforma”, naquele momento estamos todos para aquele assunto, com a mesma intenção, divulgar e resistir, o importante é não impedir, pode-se não participar, ou mesmo não acreditar numa acção, mas o que pode não ser a melhor forma para nós pode ser a resposta noutro local ou de outro grupo. Todo o individuo ou população que seja activo contra a industria petrolífera, o novo petróleo e gás e métodos de extracção não convencional, qualquer pessoa que partilhe informação sobre algum ponto da exploração em Portugal e no Mundo pode dizer que pertence à “plataforma” nacional contra o gás de xisto e petróleo leve… Nós não criámos nenhuma.

  1. Que acções no terreno, para além da internet, estão marcadas ?

Marcadas nenhuma. Queremos fazer acções de rua, preparar material para apresentações em feiras, encontros de arte, esperamos que para o ano, as coisas já não estejam na sombra. Este ano já se fala como nunca se falou de petróleo (gás de xisto) em Portugal, a Quercus já lançou uma noticia e um video depois do anuncio do inicio dos trabalhos no Algarve. Faltam as corporações e isso depende da pressão popular, pois a classe politica está rendida ás obrigações para com a dívida económica, e em Portugal sem ser o movimento contra a central nuclear, só nas incineradoras existiu uma tentativa clara de recusar e resistir à sua instalação… perdeu o elo mais fraco, onde estão instaladas hoje. Nem os aterros, nem as Barragens conseguiram criar movimentos activos nos locais e de acção directa, que levassem ao abandono dos trabalhos…

Marcado está a continuidade em acompanhar os trabalhos, investigar, continuar a falar, criar flyer’s, procurar pessoas com a mesma preocupação, e  quando for possível não dar descanso até toda a informação sobre o que já se fez, o que se pensa fazer, quanta quantidade de água já foi poluída, onde está, que químicos já foram utilizados, quais vão utilizar, etc… Acções marcadas certas são: levar informação ás pessoas, levá-las a pensar. Levar o coração a agir… De Resto… Depende de Mim, de Ti e do leitor.

Depois de rever mandei algumas mns com coisas que faltavam ou que completavam, nunca foi mostrado interesse. Algumas já inseri no texto…

Depois de rever vi que faltavam alguns eventos  anti fracking como o no Centro de Cultura Libertária em Cacilhas, Casa VIVA do Porto, O documentário na BOESG. Enviei essa informação ao jornal e disse que estava disponível  para esclarecer algum ponto. E na parte do alcoolismo e toxicodependência, completava-se com o exemplo passado no Canadá, descrito pelo  movimento Idle No More….

Bom, se abriram os link’s dos jornais facilmente reparam, na clonagem ou frases gémeas falsas em todos os artigos dos jornais, se procurarem acharam mais ainda se calhar da vossa área.

Se sabem de acções  de sensibilização sobre os trabalhos das petrolíferas em Portugal que queiram partilhar. força. Se encontrarem artigos em jornais locais, podia-se talvez criar uma biblioteca virtual…

Se me esqueci de alguma coisa, desculpem desde já…

Aqui vão mais alguns exemplos de lobbing jornalístico:

Dia da mentira: 1 de abril de 2011: http://www.gazetacaldas.com/10411/petroleo-nas-caldas-da-rainha/

Ultima tiragem antes do dia da mentira: 29 de Março de 2003: http://jornaldascaldas.com/Obras_na_cidade_podem_detetar_indicios_de_petroleo_no_subsolo

Jornal de arte cultura e cidadania do Oeste: cididania:http://www.tintafresca.net/News/newsdetail.aspx?news=7fa00634-2c78-427c-889d-ab59b7941c21&edition=124 

Escreve Mohave Oil no Oeste, ou petróleo em Portugal, noticias locais sobre prospecção e extracção de petróleo…

E decide por ti…

 

 

 

 

 

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