Gazprom e privatização das energias e dos movimentos sociais. Politica e energias!

A gigante Russa Gazprom propôs ao presidente do Chipre, um plano de resgate, onde a multinacional assumiria a reestruturação da banca e em troca ficaria como todos os direitos de exploração das reservas de gás natural na zona offshore económica cipriota.  Correio da Manhã 19 março 2012.

Tudo se passou depois do Chipre ter recusado o imposto sobre depósitos bancários apresentada pelo Eurogrupo ( Alemanha e FMI).  Ambas as proposta foram recusadas de imediato, mas a pressão politica e empresarial que está a ser feita sobre o Chipre, não lhe deixará muitas alternativas. Agora tanto a Gazprom como a União Europeia como o FMI e o Banco Central vão querer as jazidas de gás natural do Chipre. O Chipre possui metade das reservas de gás natural da bacia de Levante ( Chipre, Israel, Líbano, Egipto) são 120 triliões de pés cúbicos de fonte de energia, da qual metade está na zona offshore do Chipre. Depois do que se passou na Ucrânia com a Gazprom, nada de bom se avizinha para o Chipre.

A situação no Chipre está cada vez mais complicada. Com o chumbo no Parlamento e sem fundos de Bruxelas, a Rússia parece ser a próxima hipótese para salvar o país da bancarrota. Mesmo assim, as negociações com Moscovo estão complicadas.

Porque é que os Russos gostam tanto do Chipre?

Para todos os efeitos, Chipre não é um paraíso fiscal, mas é assim que se apresenta. Isto é sinónimo de impostos mais favoráveis, especialmente para não-residentes. Para se ter noção da diferença, em Chipre os juros dos depósitos são taxados a 0%; em Portugal, o Orçamento do Estado para 2013 fixou uma taxa liberatória de 28% (antes eram 25%) a aplicar aos juros de depósitos e a todos os rendimentos de capitais.

A legislação de Chipre facilita, assim, a aplicação de capitais estrangeiros e até a lavagem de dinheiro, uma vez que o controlo é pouco apertado. A taxa ontem rejeitada no Parlamento iria provavelmente provocar uma fuga de capitais estrangeiros, sobretudo russos.

A Gazprom russa oferece-se para pagar a dívida de Chipre em troca de quê?

O diário russo Vedomosti noticiou ontem que o Gazprombank propôs uma ajuda financeira a Nicosia, em troca de licenças de produção e exploração de gás natural ao largo da ilha mediterrânica. O Gaz-promban, atualmente uma das primeiras instituições financeiras na Rússia, foi criado no início da década de 90 pelo gigante público Gazprom, para fornecer serviços financeiros à indústria energética do gás.

Se não obtiver resgate, como é que o Chipre se pode financiar?

Esta é a pergunta mais complicada. Na primeira versão, a União Europeia e o FMI propunham uma ajuda de 10 mil milhões de euros, em moldes parecidos com os outros resgates na zona euro, acrescentando a este valor mais 5,8 mil milhões da taxa sobre os depósitos. Chumbada esta opção, o governo de Nicosia tenta agora negociar com Moscovo uma ajuda financeira, naquele que seria o primeiro país a recusar um resgate pela zona euro.

Fonte do texto acima: “http://www.dinheirovivo.pt/.

GAZPROM:

A Gazprom aumentou a sua influencia na Presidência de Boris Yelsin, onde se iniciou a sua privatização.

Com Chernomyrdin, primeiro ministro russo, a Gazprom conseguiu evadir- se fiscalmente em larga escala, com o estado a aceitar pouco dinheiro como dividendos. A direção da Gazprom lançou um asset-striping massivo, e a propriedade da Gazprom foi dividida. Alguns dos maiores stripped assets foram transferidos para a controversa corporação Itera. Chernomyrdin e o CEO da Gazprom Rem Viakhirev foram as caras da liderança deste processo.

Depois Putin mudou a situação da Gazprom abrutamente. Putin lançou uma política a que chamava de National Champions, para estabelecer o controlo de estado em empresas estratégicas. Putin substituiu Chernomyrdin e o CEO da Gazprom por Dimitry Medvedev e Alexei Miller. Ao retirar o direito de acesso à Itera aos gasodutos, a Itera quase declarou falência: Como resultado a Itera decidiu vender stolen assets de volta à Gazprom.

Em 2005 o governo Russo fica a liderar a Gazprom com 38% das ações.

Em 2007 a Comissão Europeia lançou um caso anti-trust contra a Gazprom. Bruxelas baseava-se nas preocupações que a Gazprom estivesse a abusar do sua posição de dominante no mercado de fornecimento de gás.

Em 2001 a Gazprom, adquiriu a NTV, televisão independente de Vladimir Gusinsky’s. Em 2002 a Gazprom Media adquiriu todas as acções nas empresas detidas pela Media-Most.

Em 2005 comprou mais de 72% da petrolifera Sibneft (Agora Gazprom Neft). Em 2006 a Gazprom assinou um acordo com a Royal Dutch Shell, Mitsui e Mitsubishi, tomando metade das ações e mais uma na Sakhalin Energy. Em 2007 a TNK-BP subsidiária da BP plc, aceitou vender a sua parte no Kovykta field na Sibéria para a Gazprom, depois das autoridades questionarem a BP sobre os direitos de exportar gás para os mercados fora da Rússia. Os governos da Rússia e da Itália assinaram um memorando de entendimento entre a Gazpçrom e a Eni Spa para cooperar na construção de um gasoduto de 900 km da Rússia para a Europa.

ESPLORAÇÕES DA GAZPROM

Yamal peninsula

Que se espera ser a a região de maior produção de gás natural no futuro.

Shtokman field

Um dos maiores campos de gás natural do mundo, localizado off shore. A Gazprom, Total e a Statoil criaram um empresa conjunta Shotkman Development AG. A produção é esperada para 2015.

EXPORTAÇÕES

A Gazprom entrega gás a 25 países europeus.

ACIONISTAS EM 2006

Russian Federal Agency for Federal Property Managemente

Gazprombank

Rosneftegaz

Gerosgaz

E.ON Ruhrgas

O governo Russo controla 50.002% das acções da Gazprom.

DESPORTO

A Gazprom é proprietária do Zenit St. Petersburg na Rússia. Patrocinadora do Shalke 04. Patrocinador do Red Star Belgrade da Sérvia.

Em 2010 tornou-se parceira da equipa de ciclismo russa, Team Katusha, em aliança com a Itera e a Russian Technologies.

De 2012 a 2015 vai ser a patrocinadora da UFA champions League e da UEFA Super Cup.

Em 2012 tornou-se o parceiro oficial Global Energy do Chelsea até 2015.

Em 2005 a Gazprom entrou em disputa com a Nafgaz sobre os preços do gás na Ucrânia. Em 2008 chegaram a acordo onde decidiram que a Ucrânia iria diretamente receber gás da Rússia e a Nafgaz a única importadora de gás natural vindo da Rússia.

O débito do gás consumido desde 2009 excedeu os 927 milhões de Ucraniana hyvnia.

Em Dezembro de 2009 o presidente da Ucrânia Victor Yuschenko disse. “ A NJSC Naftgaz Ukrain é uma empresa que formalmente não existe, está falida. O primeiro ministro Yulia Tymoshenko formalizou a falência para poder criar um consorcio de transporte com a Rússia.

CENTGAS

Central Asia Gas Pipeline, Ltd. (Centgas) foi um consorcio formado em 1990, para construir o gasoduto Trans-Afghanistan do campo de gás natural de Turkmenistan para o Paquistão.

A Gazprom era um dos consórcios deste grupo, juntamente com Unocal Corporation; Delta oil Company; Governo do Turquestão; ITOCHU Oil exploration Co, Ltd. (CIENO) Japão; Hyundai Engineering and Construction (Coreia do Sul) e Crescent Group (Paquistão).

PORQUE NOS DEVEMOS PREOCUPAR?

A descrição da Gazprom é um excelente exemplo do que representa a globalização. O comercio livre dá direito às corporações privadas ou estatais de comprar os mais básicos direitos humanos, direito à alimentação, energias e saúde, na qual nos forçam a viver, nos obrigam a lutar e a ajudar quem não pode usufruir.

As corporações arranjaram um meio de controlar também a sociedade. Escreveram as responsabilidades ambientais e sociais corporativas. A solidariedade, a partilha o apoio mutuo foram privatizados e substituídos por doação, direitos e acordos beneficiando unilateralmente.

O poder que o controlo sobre esses direitos básicos oferece, provoca guerras, fome, destruição ambiental, sistemas repressivos devido ao looby politico. As crises criadas por eles mesmos são sentidas em todas as democracias e ditaduras. Comunidades evaporam ou perdem os direitos ao seu modo de vida e à proteção dos habitats onde vivem muitas vezes à séculos ou milénios.

Portugal começa a furar para (fracking) on shore e off shore para a sua “independência energética” que se supõe durar  menos de 2 ou 3 décadas. Apesar de nos EUA, por exemplo, tudo ter começado com o mesmo discurso e  com poucas dezenas de poços, em pouco tempo milhares  invadiram cidades e campos. Hoje sérios problemas ambientais e de saúde espalham-se pelos territórios e pelos rios perto dos locais de exploração. Depois de se acabar o gás natural nas reservas ” Portuguesas” a Rússia será um dos principais candidatos a vender gás a Portugal seguido da Argélia e outros países africanos.

Angola, Moçambique, Nigéria, Egito, Congo, Senegal, etc… já venderam direitos de exploração a corporações petrolíferas.

Se queremos um mundo melhor, temos de lutar não pelo “nosso dirigente” mas sim pelo fim das privatizações e depois acabar com a dependência de fontes de energia não sustentáveis.

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