Furo em Aljubarrota (2019). Parte 2 ou será 3 se calhar 4? Melhor é ser a ultima!

Aljubarrota, Australis, Amortização (na divida ao FMI)!

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A resposta aos movimentos contra as explorações de gás e petróleo no centro tem sido em forma de artigos em jornais nacionais e regionais. No dia anterior (dia 20 de Abril) ao encontro anti Fracking nas Caldas o jornal Gazeta das Caldas lançou na secção de actividade económica um artigo sobre o furo de gás em Aljubarrota.

Aproveitamos o artigo que destaca o documento encomendado pela Australis Oil and Gas para o Estado determinar se é necessário um estudo de impacte ambiental para os trabalhos de prospeção, para dar a opinião não como cidadão, ambientalista ou democrata, técnico ou especialista, mas como habitante da zona centro e do mundo sobre o documento apresentado pela petrolífera.

Documento encomendado pela Australis: Australis- Batalha Apreciacao previa_Final

Este será o segundo furo de prospeção realizado em Aljubarrota, o primeiro foi em 2012, tendo encontrado uma coluna de gás não convencional, mas em condições técnicas difíceis para a sua extração comercial economicamente viável.

Começamos com a pergunta:

  • Se fosse convencional não é necessário estudo?
  • Agora o petróleo e gás natural convencional são amigos do ambiente não precisando de estudo e acompanhamento?
  • Então o problema dos GEE não são responsabilidade da extração convencional?

Passamos ao método que vai ser utilizado para testar o gás. A empresa faz questão de salientar que os trabalhos são com métodos convencionais. Se vão utilizar perfuração horizontal, um dos 3 requisitos para se identificar uma extração não convencional, juntamente com a Fracturação Hidráulica e a injeção de fluidos a alta pressão, deixamos umas perguntas:

  • Ao admitirem a perfuração horizontal, que não faz sentido numa bacia de gás, mas sim para apanhar mais superfície rochosa onde o gás está misturado, não estão a admitir que necessitarão das outras duas técnicas para extrair o gás encontrado com viabilidade comercial?
  • Os milhares de litros de água (6.000 metros cúbicos) que dizem necessitar para os trabalhos de teste, vão ser usados só na perfuração? Ou vão também ser usados para criar pressão na rocha, injetando-a com areia, para testar a impermeabilidade da rocha e a facilidade em libertar o gás?
  • Como pretendem testar a viabilidade do poço, sem estimular a rocha com métodos não convencionais? Já que o Gás encontrado em 20 anos com alguma hipótese de ser viavelmente econômico é Gás de Xisto (Shale Gas).
  • Ao não existirem descobertas de gás e petróleo convencional em Portugal, qual a intenção de descrevem os trabalhos como convencionais?

 

CORREIO DA MANHA 02042018

O artigo fala no “famoso teste da queima da Tocha”. A queima da Tocha é conhecido mundialmente como Flaring e já por várias vezes aconteceu nos poços de teste em Portugal desde Vila Real de Santo António (inicio do séc XX), a Aljubarrota em 2012. O Flaring é responsável por grande parte do buraco da camada de Ozono, devido ao metano e gases voláteis libertados em enormes quantidades e que são bem piores que o CO2, para o qual dizem já existir solução: Cap and Trade (business as usual).

A Australis refere que o furo estará a cargo de uma empresa portuguesa. A empresa que tem trabalhado com as petrolíferas é a Fonseca Furos da área de Peniche, que trabalhou vários anos com a Mohave Oil and Gas, que abriu falência em 2012, e esteve no escândalo da concessão de Aljezur, de Sousa Cintra, que foi anulada por ilegalidades, incluindo a razão para o furo.

Impactos Ambientais

Num país de seca, a água vai ser um elemento de disputa. Se o furo de teste gasta esta água. Quanta vai ser necessária na fase de exploração por poço?

Agora uma das partes mais importantes para se avaliar os trabalhos da petrolífera e que menos informações têm. A secção dos químicos e resíduos.

  • Quais são químicos?
  • Que quantidades?
  • Qual o seu papel?
  • Que tipo de tratamento necessitam?
  • Quem é a empresa responsável pelo seu descarte?
  • Como descrevem os locais apropriados para os depositar?
  • Qual a especificidade do equipamento de transporte até aos depósitos?
  • Quais os cuidados para os resíduos especiais? Quais são?

O artigo acaba com a referência que a Australis faz a um possível acidente e impacto na superfície. Ficamos sem saber se o acidente de trabalho está incluindo na avaliação de impacte ambiental.

Água

Água! O furo será junto à ribeira de S.Vicente já de si em luta para se manter devido à seca. A Ribeira serve maioritariamente a agricultura de subsistência. Os milhares de litros de água vão ser retirados do lençol freático o que pode significar a descida do leito da ribeira, tornando quase inviável utiliza-la para regadio. Sem falar nos perigos de contaminação de que a empresa refere por várias vezes no relatório enviado para avaliação.

No relatório a Australis fala na possibilidade de uma ligação ao gasoduto principal para evitar a queima do gás. São 4 km de um novo troço de gasoduto.

  • Que tipo de infraestruturas vão ser necessárias construir para a utilização segura deste novo troço, dado como certo no artigo do Correio da Manhã?
  • Irá ter uma estação de compressão?
  • O gás será limpo e tratado antes de entrar na rede?
  • Vamos consumir desse gás?
  • O gás que entre na rede vai ser vendido à REN?
  • Como sabemos a qualidade do gás?

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Flaring (Chama de queima de gás)

Nos complexos industriais, é utilizada primeiramente para queimar gás inflamável libertado durante os alívios de pressão das válvulas sob pressão não planeada no equipamento. Durante a abertura e fecho das operações o Flare Stack é utilizado para combustão planeada de gases durante curtos períodos de tempo.

Quando o crude é extraído e produzido de poços, associado a si está a acumulação de gás natural. Em vários locais do mundo com falta de gasodutos e outras infraestruturas de transporte e tratamento de gás, muitas quantidades desse gás associado é normalmente queimado como lixo. A queima pode acontecer no topo de um poço ou pode ocorrer ao nível do chão. Este procedimento constitui um perigo para a saúde pública e também contribui significativamente para as emissões de CO2.

Para se manter o sistema de “segurança” operacional, uma pequena quantidade de gás é continuamente queimado, como uma luz piloto, para que o sistema esteja sempre operacional e cumpra o seu princípio primário, controlar a pressão nos poços.

O flaring liberta Metano e outros compostos orgânicos voláteis, como também dióxido de enxofre  e outros compostos de enxofre, e outros tóxicos… Muitos dos quais sabe-se causar asma e outros problemas respiratórios. Também pode libertar benzeno, tolueno e xileno, como também cancerígenos como benzapyrene. A quantidade de queimas associadas aos poços de petróleo e gás é uma fonte significativa de CO2. Uma média calculada de 400 X 10 (sextos) de toneladas de CO2 é libertada todos os anos, que representa á volta de 1,2 % das emissões mundiais.

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A Nigéria é considerada a segunda responsável pelos gases de Flaring. mas não é a Nigéria que queima o gás… mas sim empresas como a Shell.

Desmantelamento

  • O que vai ficar debaixo do solo?
  • Quem vai limpar os resíduos perigosos e lamas que estarão no terreno?
  • O furo que poderá ser realizado para a extração de água, vai ser fechado ou deixado aberto para uso da população?

A Gazeta salienta a Consulta Pública aberta a todos… e onde ainda podes participar…

E um dia quem sabe nos encontramos na Rua…

 

 

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